domingo, 10 de abril de 2011

Aos Trancos E Relâmpagos

"O que mais me chateia na raiva é que sei, por experiência, que ela passa. A raiva, sim, é um pássaro selvagem: você tenta amansar ele, ganhar confiança, mas quando menos se espera ele bate as asas e foge. A gente fica então com uma fraqueza no peito, no corpo todo, como depois de uma febre.Querendo colo. Mas o pior è o período antes dessa fraqueza, todo mundo com os nervos inflamados, á flor da pele. As caras que por acaso rompiam a barreira do meu quarto eram toda de tragédia(...)
Embora fosse antigamente uma princesa (...) eu me sentia um sapo (...). Eu estava muito cheia de raiva (no fundo, vergonha) e, embora tivesse gritado "perdão" á vista de todos, eu não queria me arrepender. Por isso estava ainda naquele inferno. No inferno, isso eu sei, é proibido o arrependimento.
Continuamos fiéis aos nossos erros"
Vilma Arêas - Aos trancos e relâmpagos, São Paulo, Scipione, 1993

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